“Escolhendo os instrumentos – por Camerata Versátil
Existem muitas questões a serem
consideradas na hora de escolher os instrumentos. Muitas delas são
questões técnicas, as quais você deve confiar ao profissional
contratado, mas existem outras considerações interessantes de se ter em
mente.
Os instrumentos podem ser divididos em duas categorias: a dos instrumentos harmônicos e a dos instrumentos melódicos.
Os instrumentos harmônicos são
aqueles capazes de executar várias notas ao mesmo tempo, como o violão, a
harpa e o piano. Os instrumentos melódicos, por sua vez, são aqueles
que só conseguem tocar uma nota de cada vez, como a flauta, o saxofone, a
clarineta e o trompete. Os instrumentos de arco, como o violino e o
violoncelo, são capazes de executar apenas duas notas consecutivas e,
por isso, são utilizados mais melodicamente do que harmonicamente.
Você pode estar se perguntando: mas
por que preciso saber disso? E eu digo: para entender pelo menos um
pouco a lógica que está por trás da escolha dos instrumentos para compor
uma formação instrumental.
Os instrumentos harmônicos
geralmente são utilizados na função de acompanhamento dos solos
executados pelos instrumentos melódicos, o que não é uma regra, mas,
pela riqueza de coloridos e ritmos que os instrumentos harmônicos são
capazes de criar, eles acabam sendo quase sempre ótimas opções, pois
dispensam a utilização de muitos instrumentos para preencher a música.
Existem formações que dispensam os
instrumentos harmônicos, como os quartetos de cordas ou de sopros, e que
são também ótimas opções, com as quais se consegue uma sonoridade muito
interessante. Porém, são formações um pouco menos versáteis, no sentido
de que há menos contraste entre os instrumentos e, por isso mesmo,
menos possibilidades sonoras.
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O estilo das músicas e os instrumentos
Cada instrumento tem uma origem e um
desenvolvimento histórico, por isso, cada um traz em si tendências
estilísticas e uma sonoridade que nos remete a determinados estilos
musicais.
Instrumentos da família dos metais –
como o trompete, o trombone e o sax – estão muito ligados à linguagem
do Jazz, por isso, ficam muito bem executando esse tipo de repertório.
Também podem ser utilizados em outros tipos de música, mas quase sempre
continuarão deixando as versões com uma roupagem jazzística.
Os instrumentos de cordas – como o
violoncelo, o violino, o contrabaixo acústico e a viola – são
instrumentos que remetem a um estilo mais sinfônico. São muito
utilizados nas cerimônias, justamente pela tradição das igrejas de
optarem por temas eruditos. Os instrumentos de cordas também ficam muito
bem compondo um grupo musical que se propõe a executar um repertório
popular, pois, de certa forma, contribuem para manter a tradição mais
clássica dos casamentos.
Os instrumentos de cordas dedilhadas
– como o violão clássico, o violão de 7 cordas, o violão folker, o
bandolim, a viola de 10 cordas e a guitarra elétrica – podem enriquecer
as formações instrumentais quando conjugados com instrumentos de outras
origens estilísticas. Cada um desses instrumentos está ligado a alguma
vertente da música popular no mundo, da mesma forma como o violão de 6
cordas se destaca na música popular brasileira e na música flamenca
espanhola.
Os instrumentos de sopro da família
das madeiras – como a flauta, o oboé e a clarineta – também têm uma
história sinfônica, mas ao mesmo tempo estão diretamente ligados a
estilos oriundos da música popular, como o clarinete no Jazz e a flauta
no Choro brasileiro. Já o oboé e o fagote estão menos presentes na
música popular, mas são muito explorados na música de câmara erudita,
além da sinfônica.
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Instrumentos não convencionais
Existe uma série de instrumentos
que, ou são desconhecidos da maioria das pessoas, ou carregam
verdadeiros estigmas, que acabam por excluí-los do cenário da música
para casamentos.
Um exemplo ótimo é o do acordeom que
está, no imaginário popular brasileiro, muito ligado à música caipira e
ao forró, mas que, na verdade, tem sua origem no Cheng, um instrumento
chinês de sopro que se parece com um órgão de tubo em miniatura.
Instrumentos da família do acordeom foram muito utilizados na execução
de música sacra, e também são muito populares na música italiana e
russa.
Outro exemplo é o vibrafone, que é
um instrumento pouco conhecido, pois se trata de um instrumento de
percussão que na verdade funciona como uma espécie de piano, e que tem
uma sonoridade linda, mas muito pouco requisitada.
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Mais instrumentos significa mais impacto?
Não necessariamente. De pouco
adianta você contratar um grupo com dez instrumentistas, se cinco deles
estiverem tocando exatamente a mesma coisa.
Poucos instrumentos podem, sim, soar
de maneira grandiosa, dependendo da maneira como o arranjador escreve.
Isso se chama amplificação acústica e é uma técnica composicional
utilizada para extrair o máximo potencial acústico de uma formação
instrumental. Quando essa técnica é empregada, acontece um fenômeno
acústico no qual as frequências dos instrumentos entram em um processo
vibracional sinérgico que resulta nessa amplificação.
Sendo assim, quando estiver ouvindo
um áudio ou assistindo a uma apresentação do grupo que pretende
contratar, procure observar a função de cada instrumento utilizado, e
como cada instrumentista contribui para a sonoridade das músicas
executadas.
Flávio Medeiros
Arranjador, compositor, multi-instrumentista e produtor musical do grupo Camerata Versátil (https://soundcloud.com/camerata-versatil).”
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