segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Música da cerimônia – escolhendo os instrumentos


“Escolhendo os instrumentos – por Camerata Versátil 
Existem muitas questões a serem consideradas na hora de escolher os instrumentos. Muitas delas são questões técnicas, as quais você deve confiar ao profissional contratado, mas existem outras considerações interessantes de se ter em mente.
Os instrumentos podem ser divididos em duas categorias: a dos instrumentos harmônicos e a dos instrumentos melódicos.
Os instrumentos harmônicos são aqueles capazes de executar várias notas ao mesmo tempo, como o violão, a harpa e o piano. Os instrumentos melódicos, por sua vez, são aqueles que só conseguem tocar uma nota de cada vez, como a flauta, o saxofone, a clarineta e o trompete. Os instrumentos de arco, como o violino e o violoncelo, são capazes de executar apenas duas notas consecutivas e, por isso, são utilizados mais melodicamente do que harmonicamente.
Você pode estar se perguntando: mas por que preciso saber disso? E eu digo: para entender pelo menos um pouco a lógica que está por trás da escolha dos instrumentos para compor uma formação instrumental.
Os instrumentos harmônicos geralmente são utilizados na função de acompanhamento dos solos executados pelos instrumentos melódicos, o que não é uma regra, mas, pela riqueza de coloridos e ritmos que os instrumentos harmônicos são capazes de criar, eles acabam sendo quase sempre ótimas opções, pois dispensam a utilização de muitos instrumentos para preencher a música.
Existem formações que dispensam os instrumentos harmônicos, como os quartetos de cordas ou de sopros, e que são também ótimas opções, com as quais se consegue uma sonoridade muito interessante. Porém, são formações um pouco menos versáteis, no sentido de que há menos contraste entre os instrumentos e, por isso mesmo, menos possibilidades sonoras.

música cerimônia 
 

O estilo das músicas e os instrumentos 
Cada instrumento tem uma origem e um desenvolvimento histórico, por isso, cada um traz em si tendências estilísticas e uma sonoridade que nos remete a determinados estilos musicais.
Instrumentos da família dos metais – como o trompete, o trombone e o sax – estão muito ligados à linguagem do Jazz, por isso, ficam muito bem executando esse tipo de repertório. Também podem ser utilizados em outros tipos de música, mas quase sempre continuarão deixando as versões com uma roupagem jazzística.
Os instrumentos de cordas – como o violoncelo, o violino, o contrabaixo acústico e a viola – são instrumentos que remetem a um estilo mais sinfônico. São muito utilizados nas cerimônias, justamente pela tradição das igrejas de optarem por temas eruditos. Os instrumentos de cordas também ficam muito bem compondo um grupo musical que se propõe a executar um repertório popular, pois, de certa forma, contribuem para manter a tradição mais clássica dos casamentos. 
Os instrumentos de cordas dedilhadas – como o violão clássico, o violão de 7 cordas, o violão folker, o bandolim, a viola de 10 cordas e a guitarra elétrica – podem enriquecer as formações instrumentais quando conjugados com instrumentos de outras origens estilísticas. Cada um desses instrumentos está ligado a alguma vertente da música popular no mundo, da mesma forma como o violão de 6 cordas se destaca na música popular brasileira e na música flamenca espanhola.
Os instrumentos de sopro da família das madeiras – como a flauta, o oboé e a clarineta – também têm uma história sinfônica, mas ao mesmo tempo estão diretamente ligados a estilos oriundos da música popular, como o clarinete no Jazz e a flauta no Choro brasileiro. Já o oboé e o fagote estão menos presentes na música popular, mas são muito explorados na música de câmara erudita, além da sinfônica.

música cerimônia 
 


Instrumentos não convencionais 
Existe uma série de instrumentos que, ou são desconhecidos da maioria das pessoas, ou carregam verdadeiros estigmas, que acabam por excluí-los do cenário da música para casamentos. 
Um exemplo ótimo é o do acordeom que está, no imaginário popular brasileiro, muito ligado à música caipira e ao forró, mas que, na verdade, tem sua origem no Cheng, um instrumento chinês de sopro que se parece com um órgão de tubo em miniatura. Instrumentos da família do acordeom foram muito utilizados na execução de música sacra, e também são muito populares na música italiana e russa. 
Outro exemplo é o vibrafone, que é um instrumento pouco conhecido, pois se trata de um instrumento de percussão que na verdade funciona como uma espécie de piano, e que tem uma sonoridade linda, mas muito pouco requisitada.
música cerimônia


Mais instrumentos significa mais impacto? 
Não necessariamente. De pouco adianta você contratar um grupo com dez instrumentistas, se cinco deles estiverem tocando exatamente a mesma coisa. 
Poucos instrumentos podem, sim, soar de maneira grandiosa, dependendo da maneira como o arranjador escreve. Isso se chama amplificação acústica e é uma técnica composicional utilizada para extrair o máximo potencial acústico de uma formação instrumental. Quando essa técnica é empregada, acontece um fenômeno acústico no qual as frequências dos instrumentos entram em um processo vibracional sinérgico que resulta nessa amplificação.
Sendo assim, quando estiver ouvindo um áudio ou assistindo a uma apresentação do grupo que pretende contratar, procure observar a função de cada instrumento utilizado, e como cada instrumentista contribui para a sonoridade das músicas executadas.
Flávio Medeiros
Arranjador, compositor, multi-instrumentista e produtor musical do grupo Camerata Versátil (https://soundcloud.com/camerata-versatil).”

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